Beijos

11:17

Beijos que falam de esperanças;
Beijos castos da boca das crianças
Loiras, meigas, risonhas.

Beijos das mães tristonhas,
--Oceanos de tristeza e de saudade,
Ante a partida cruel, na angústia da saudade.

Beijos de namorados;
Beijos que encerram vidas, beijos longos,
Lábios em flôr colados
Ante os perfís oblongos
Das árvores dos jardins iluminados
De luar... Beijos de luar e amor embriagados...

Beijos que têm gôsto de sangue, sensuais,
Beijo da boca rubra das amantes;
Beijos que rugem como feras, penetrantes
Como a haste fina dos punhais.

Beijos enviados em delírios
Nos ais dos que a distância amplíssima separa...
Beijos tristes que são mandados para
Contar todo um romance de martírios.

Beijos repugantes
Dos lábios titubeantes
Da boca dos enófilos

Beijos a furto dados no horror da solidão dos cemitérios,
Vampíricos, esgáricos, funéreos,
Da boca dos necrófilos.

Beijos na boca fria dos cadárveres...

Beijos da boca sangrenta dos tísicos...

Beijos perversos da boca grangrenada dos leprosos..

Beijos de vida e de alegria,
Do sol, pela manhã, nas rosas nacaradas,
Beijos de ouro e de luz...

Beijos loucos de monjas ciliciadas
Nas vascas da histería
No pálido marfim dos Cristos nus...

Beijos que agente, um dia, quis, numa ânsia louca,
Trocar, a alma a esvoaçar na rosa de outra bôca,
Em ânsias inquietas...

Beijos que na renúncia morreram esparsos pelo ar;
Beijos que a gente quer e que nunca há de dar...
Beijos eternos que pairam nos lábios de todos os poetas...

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